Surf Ghana | Acra e Busua, Gana

Texto: Karen Edwards. Fotografias: Erica Etornam Aryee.

Sandy Alibo sempre foi apaixonada por esportes radicais, tanto que foi coordenadora de patrocínio esportivo numa empresa de telefonia celular. Em 2016, durante suas férias em Gana, ela conheceu surfistas e skatistas locais e viu o quão inacessíveis os esportes radicais podem ser para muitas pessoas. Apesar da falta de infraestrutura e recursos para oferecer um programa local desse tipo de atividade, Sandy reconheceu o potencial do setor esportivo e cultural como um catalisador para criação de empregos, crescimento econômico e inclusão social. Abrindo mão de sua vida na França, ela foi morar em Gana, onde fundou a Surf Ghana: uma cooperativa sem fins lucrativos liderada por mulheres e dedicada à educação, inclusão social e empoderamento de jovens por meio de esportes com prancha como skate e surfe.

Havia pouca infraestrutura para o desenvolvimento esportivo e de aptidões físicas na primeira vez em que visitei o país. Os moradores locais surfavam e andavam de skate, mas os recursos eram limitados para ajudar quem quisesse galgar níveis profissionais. Consequentemente, também havia uma falta de representação negra em esportes com prancha em nível nacional e internacional. Assim, a população local não sabia do valor dessas modalidades na geração de empregos, inclusão social e crescimento econômico. Senti a necessidade de usar minha experiência em gestão esportiva para superar essas barreiras e apoiar jovens motivados a desenvolver ainda mais seus talentos.

Em 2016, me mudei para Gana e fundei o Surf Ghana Collective. No início, meu foco era desenvolver uma conscientização sobre esportes radicais, como o surfe e o skate, nas comunidades locais. Sei da importância da narrativa para fazer isso acontecer graças a minha experiência com patrocínio de marcas. Portanto, criei a página Surf Ghana no Instagram, na qual escritores, cineastas e fotógrafos locais se reúnem para contar histórias sobre os universos do surfe e do skate. Minha esperança era que, por meio de narrativas criativas, fosse possível construir um ecossistema esportivo propício para beneficiar os jovens e o país.

Oferecer um ambiente acolhedor é o que move a missão da Surf Ghana. Para isso, precisamos de espaços que promovam a importância da boa saúde física, do bem-estar mental e das habilidades de liderança. Em dezembro de 2021, inauguramos o Freedom Skatepark, um centro recreativo dedicado à cultura do skate. É o primeiro skatepark desse tipo na África Ocidental. No ano seguinte, abrimos o Vibrate in Accra, um estúdio de gravação comunitário para disponibilizar um estúdio gratuito aos novos artistas musicais.

Construída em 2023, a Surf House é um espaço seguro para jovens em uma pequena vila de pescadores chamada Busua. As pessoas se reúnem aqui por compartilharem uma paixão pelo surfe. Queríamos que a juventude dessa área rural se sentisse fortalecida e apoiada. Esse é um centro comunitário que empodera jovens e inspira o vilarejo, oferecendo um espaço para estudar, usar a internet e quem sabe até firmar colaborações comerciais entre pessoas locais.

Qualquer pessoa é bem-vinda à nossa Cooperativa. Não há limite de idade para participar, só pedimos que as pessoas sejam apaixonadas e motivadas pelo surfe ou skate. Os membros da cooperativa têm aulas de surfe e skate com nossos treinadores experientes, além de acesso a eventos esportivos, excursões e descontos em roupas esportivas de qualidade. Como não temos um programa estruturado, cada membro vive uma experiência personalizada. A vida já é tão rígida com os pilares de família, carreira e expectativas sociais que preferimos não impor uma rotina aos participantes. A maioria dos jovens nos aborda nas redes sociais, mas muitos vêm pessoalmente nos visitar.

Hoje, a Surf Ghana tem 40 membros ativos, incluindo 17 funcionários. Nossos skatistas costumam ter entre 17 e 25 anos, e como o skate é um esporte urbano, essas pessoas geralmente vêm de Acra. Já a nossa comunidade surfista tende a ser mais jovem, entre oito e 20 anos, e Busua é onde pegam onda. A cooperativa é composta por esportistas que também são instrutores, cineastas, fotógrafos, DJs, carpinteiros, produtores, escritores e artistas. Nós celebramos e revelamos talentos em esportes, arte, música e moda.

Tenho orgulho da Surf Ghana ser uma organização de liderança feminina, na qual 80% do conselho executivo é composto por mulheres. Essa é uma grande conquista no mundo do esporte, principalmente porque os homens tendem a monopolizar o surfe e o skate na África. Harmonie Bataka é gerente geral da Surf Ghana e lidera o Skate Gal Club, um clube para skatistas mulheres. Francis Kwofie fica em Busua liderando o projeto Sankofa Surf Club. A cooperativa conta com parcerias de marcas, como a Right To Run, e doações, que ajudam a financiar todos os nossos projetos de empoderamento.

A experiência da On com o movimento nos ajudará a desenvolver ainda mais a nossa iniciativa. Este ano, esperamos implementar um programa abrangente de condicionamento físico em nossos clubes (com atividades de corrida, yoga, natação e caminhada em trilha) para melhorar o bem-estar e o desempenho de nossos skatistas e surfistas. A parceria com a Right To Run também nos permite fornecer aos nossos atletas transporte exclusivo, equipamentos e acesso a instalações. Também vamos criar um fundo para bolsas de estudo, para aliviar o lado financeiro e ajudar surfistas de talento a irem atrás de seus sonhos.

Meu sonho é que a Surf Ghana consiga apoiar surfistas e skatistas em escala internacional. Seria incrível testemunhar nossos atletas representando Gana e a África em competições mundiais daqui a alguns anos.

Por meio da Parceria Right To Run da On, a Surf Ghana quer ampliar a infraestrutura de esportes com prancha em Gana e elevá-la a um nível internacional. Saiba mais sobre o trabalho da Surf Ghana e descubra como apoiar seus projetos aqui.