

Da técnica à mudança de mentalidade, aprenda estratégias usadas por tenistas profissionais para dominar as quadras e levar seu jogo a outro nível.
Mesmo grandes atletas, como Ben Shelton e seu saque de 241 km/h, precisam se adaptar se quiserem ganhar. No Aberto da Austrália de 2025, por exemplo, Ben teve dificuldades nas devoluções na primeira rodada. Em vez de arriscar demais, jogou com inteligência, mantendo a bola em jogo e errando menos.
A pressão aumentou, as oportunidades surgiram e, no game decisivo, dois erros não forçados do adversário garantiram a vitória dele.
Vencer no tênis vai além da força física. Envolve entender seu próprio estilo de jogo, antecipar as jogadas e ajustar a estratégia conforme a partida evolui. O que parece ser uma vantagem pode rapidamente se transformar em uma fraqueza, por isso é fundamental saber aproveitá-la da melhor maneira possível. Afinal, uma habilidade só faz a diferença quando bem utilizada.
Para montar uma estratégia de tênis individual de sucesso, primeiro é preciso entender seu próprio estilo de jogo. Onde você se destaca? Golpes potentes do fundo da quadra, agilidade na rede ou uma defesa sólida com contra-ataques implacáveis?
Ao contrário de Ben, o ex-tenista profissional Brad Gilbert não se destacava pela potência. Mesmo assim, conseguiu acumular 20 títulos ao longo da carreira. No livro Jogando para vencer, ele foi direto ao ponto: "Ganho porque sei aplicar minha estratégia básica com eficiência: potencializo meus pontos fortes e minimizo os pontos fracos". Para ele, o jogo era sobre colocar a bola exatamente onde queria e, claro, onde seu adversário menos esperava.
Existem várias maneiras de conquistar a vitória. Jogue sempre com integridade, mas saiba que é possível explorar diferentes estratégias para ampliar suas opções.
- Jogo agressivo de fundo de quadra: impõe o tom do jogo com groundstrokes, golpes profundos e rápidos para afastar a outra pessoa da linha de base e criar oportunidades de fechar o ponto.
- Jogo defensivo de fundo de quadra: a prioridade é a consistência, velocidade e paciência. O objetivo é desgastar a outra pessoa durante o rally, utilizando topspin pesado e slices para prolongar as trocas e controlar o ritmo do jogo.
- Saque-e-voleio: aqui o foco é seguir o saque com golpes de aproximação para atacar a rede e fechar os pontos rapidamente. Esse estilo é uma das marcas do jogo de Ben, que tem saques potentes e forehands agressivos. "Gosto de assumir o controle do jogo já no início e desestabilizar meu oponente", conta o americano. "O segredo é manter a pressão o tempo todo, sem dar margem para reação".
Saber reconhecer esses estilos não só ajuda você a melhorar o desempenho, também permite identificar padrões de jogo e descobrir como superá-los.
Não deixe que fique na zona de conforto. O conselho de Ben é: "Quando a pessoa tem um forehand forte, faça com que bata backhands. Se gosta de acertar winners, prolongue o rally e faça suar a camisa por cada ponto”.
Comece identificando os pontos fortes, seja um saque potente, um jogo de rede agressivo ou uma boa consistência de fundo de quadra. Com isso, você consegue perceber como desestabilizar o ritmo do jogo. Preste bem atenção em como reage sob pressão.
"Observo como cada pessoa lida com esses momentos", revela Ben. "Se sentem mais à vontade batendo forehands ou backhands? Preferem ir à rede ou ficar mais no fundo? São padrões que dizem muito sobre a melhor forma de atacar”.
Se percebeu que a dificuldade é com bolas que quicam alto, aproveite a situação e use topspin para afastar. Por outro lado, se a vantagem for maior em rallies longos, varie seu jogo com drop shots e subidas bem executadas à rede.
A linha de base é onde você realmente controla o jogo. É nela que potência, ângulos e tempo trabalham a seu favor. Quando você se aproxima demais da rede, os golpes podem perder força, mas no fundo da quadra, o jogo está em suas mãos. Dominar essa área significa ter o controle do ritmo da partida.
Bolas profundas empurram quem está do outro lado para mais longe da rede, fecham os ângulos e reduzem as opções de ataque. Quanto mais distante da linha de base, mais difícil se torna acertar um golpe agressivo. Por isso, manter o rally no fundo da quadra garante o controle do ponto e dá tempo para preparar a próxima jogada. O segredo? Mirar próximo à linha de base, com um topspin firme, seguro e estratégico.
Subir à rede após um golpe de aproximação é uma jogada estratégica, que força uma posição defensiva em resposta, criando a chance perfeita para finalizar o ponto. Mas não hesite. Ou você pode abrir espaço para uma reação. Avance rápido, corte os ângulos, diminua o tempo de resposta e aumente suas chances de fechar o ponto.
Alternar a altura dos golpes é uma maneira eficiente de quebrar o fluxo e assumir o controle do rally. Topspins altos afastam quem tenta avançar, enquanto slices baixos dificultam a reação no fundo da quadra. Combine diferentes tipos de jogada para dificultar e continue ditando o ritmo do jogo.
Grandes tenistas sabem que uma estratégia só não basta. Você precisa se adaptar. Na opinião de Ben: "Tudo gira em torno de fazer uma boa leitura de jogo". Se a troca de fundo não estiver funcionando, use slices, curtinhas ou subidas à rede para mudar o ritmo.
"Muita gente não tem um plano B", comenta o tenista. "Às vezes a estratégia principal não está dando certo e muitos jogadores e jogadoras continuam insistindo. Nessa hora, é importante ser flexível e resolver os problemas durante a partida”.
Alternar a estratégia garante um elemento surpresa constante. Seja imprevisível. Varie efeito, velocidade e tipo de golpe para manter o controle do ponto.
Errar faz parte do jogo, acontece até com atletas de alto rendimento. O importante é saber como lidar com esses erros. De nada adianta se prender a um ponto perdido e acabar perdendo o set inteiro.
Nem Federer saiu ileso. No Masters de Hamburgo de 2007, enfrentou Rafael Nadal, que vinha de uma sequência de 81 vitórias no saibro. Perdeu o primeiro set, mas não se abalou. Ajustou o jogo, se manteve firme e virou a partida para conquistar o título no individual.
Para Ben, é sobre se movimentar e manter a calma. "Na defesa, o foco é ganhar tempo para voltar ao ponto. Use bem as pernas, varie os efeitos e tenha paciência”, completa.
Perder um break ou sair do ritmo faz parte. O que define a partida é a força mental para se recuperar, adaptar suas táticas de tênis e seguir o jogo.
A antecipação é uma das habilidades mais valiosas no tênis. Quem enxerga o ponto antes de acontecer reage mais rápido e ganha vantagem. Como disse Wayne Gretzky, ex-jogador profissional de hóquei: "Patino para onde o disco vai estar, não para onde ele já esteve". No tênis, a lógica é a mesma.
Um desequilíbrio na troca de bolas geralmente resulta em um golpe mais curto ou paralelo. Então, melhor se posicionar antes. Quando houver um padrão de forehands cruzados, cortar o ângulo é uma boa estratégia para assumir o controle do ponto.
Observar a linguagem corporal e as tendências de golpe ajuda a reagir de forma mais ágil, evitando estar sempre correndo atrás da bola.
Entrar em quadra com uma estratégia sólida ajuda a explorar seus pontos fortes e minimizar os fracos. Por exemplo, se seu backhand não está no melhor dia, variar com slices pode te manter no ponto. Ou, quando estiver enfrentando uma defesa forte no fundo de quadra, adotar uma postura mais agressiva pode ser a chave.
Mais do que isso, ter uma estratégia ajuda a manter a calma quando as coisas parecerem sair do controle. Em vez de se desesperar, confie no plano, faça os ajustes necessários e foque no seu objetivo.
É preciso dedicação para aprimorar suas táticas, mas contar com orientação profissional ou estudar quem você vai enfrentar pode te dar uma vantagem. Mesmo que não tenha acesso aos vídeos dos jogos, aguce seus instintos observando como atletas se adaptam a diferentes oponentes e superfícies. Além disso, quanto mais preparo você tiver, mais assertivas serão suas decisões quando a pressão aumentar.
A melhor forma de refinar sua estratégia de tênis? Jogando. No fim das contas, cada partida é uma nova oportunidade para evoluir.